terça-feira, 4 de agosto de 2009

Só design não basta

O que queremos criar são situações onde você fale com pessoas que conversem com você. Situações em que os ouvidos são tão importantes quanto os olhos, onde a palavra escrita e a imagem ficam esquecidas na conversa.
E então temos uma idéia central: RESPONSA - HABILIDADE

Estamos falando de situações sociais nas quais pessoas com um talento específico, uma paixão específica ou uma habilidade profissional – seja ela fotografia, arte, escrita, design gráfico, música ou poesia - possam fazer parte de um movimento de expressão colaborativo de maneira a acrescentar alguma coisa sem dominar e sem distorcer o processo.
Esse tipo de movimento te leva além da identidade de designer – quando realmente funciona, pode ser espalhar em todas as direções, abrir novos espaços em instituições, até tornar possíveis mudanças no seu trabalho, com clientes, em situações na universidade e daí por diante. É uma maneira de sair da camisa de força de um assalariado, de um cidadão-consumidor.

Mas para pessoas com talentos específicos como designers gráficos, envolve uma responsabilidade real. Porque designers têm um papel importante em movimentos sociais, que é o tornar visíveis os objetivos de atividade em grupo, precisamente de modo a encorajar a continuação do processo.

O design num grupo ativista ou um movimento social sempre vai ser uma questão de tática, o que quer dizer trabalhar a partir de uma posição de fraqueza, onde você não tem as chaves para todas as portas e não pode ter planos estratégicos com uma visão muito ampla. Significa improvisar, encontrar materiais e expressões inesperados que possam auxiliar na liberação de um poder de colaboração que vai muito além dos objetos que você possa imaginar e construir.

O design em situações assim é um sucesso quando o designer desaparece e o usuário toma frente. É assim que tática de design tem um impacto social sem todos os recursos e estratégias de governo ou grandes corporações.

Então o que está por trás disso tudo? Por que uns malucos usam todo o seu tempo livre fazendo algo pelo qual não serão pagos e onde ainda tendem a desaparecer, não como indivíduos, mas como estrelas e assinaturas?

O negócio é que isso pode mudar a sua vida. Pode te ensinar o significado de responsabilidade, te tirar da sua redoma e te jogar em situações de colaboração social e confronto. É isso que queremos dizer com design gráfico politicamente engajado, ou pelo menos esse é o começo da história de alguma forma.


De Brian Holmes, Sandy Kaltenborn, Tony Credeland , extraído de “Design is not enough” publicado no Declarations of [inter]dependence e simpósio de design "the im[media]cy" que aconteceu em Montreal, Québec, Canada, na semana de 22 a 28 de outubro, 2001.

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